Iepé apoia oficina de fortalecimento de línguas Karib (Werikyana)

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Na ocasião foram discutidos a auto-documentação das línguas locais e o desenvolvimento de dicionários, gramáticas, livros didáticos e vídeos para as escolas

Juventino Kaxuyana, presidente Aikatuk, durante a oficina

Entre os dias 16 e 22 de maio, um grupo de falantes de línguas Karib (Katxuyana, Kahyana e Yaskuriyana) esteve reunido em Alter do Chão, no Pará para uma oficina de fortalecimento linguístico da língua que estão convencionando chamar de Werikyana, tendo em vista serem falantes de línguas muito próximas umas das outras, com pequenas variações dialetais entre si.

A oficina, da qual participaram lideranças, professores e estudantes indígenas, moradores dos rios Nhamundá, Cachorro e Paru de Oeste, que se localizam nas Terras Indígenas Nhamundá-Mapuera (AM/PA), Katxuyana-Tunayana (PA) e Parque do Tumucumaque (PA/AP) respectivamente, foi mediada pelo linguista Prof. Spike Gildea, da Universidade de Oregon, com o apoio da antropóloga Luísa Girardi, doutora pela Universidade de São Paulo, e dos assessores da equipe do Programa Tumucumaque do Iepé. As lideranças Ângela Kaxuyana, da COIAB e Juventino Kaxuyana, presidente da Associação Indígena Kaxuyana, Tunayana e Kahyana (Aikatuk), encabeçaram as discussões. Também participaram dessa oficina duas estudantes da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Neide YmayaWara e Ana Kaxuyana, ambas dedicadas a contribuir para a valorização das línguas dos povos Karib que estarão estruturadas sob a designação de “língua werikyana”, dentre as quais katxuyana, kahyana, yaskuriyana.

O linguista Spike Gildea, da Universidade de Oregon, mediou os trabalhos

Na oficina foram discutidos temas como a auto-documentação das línguas locais e o desenvolvimento de materiais a serem utilizados nas escolas como dicionários, gramáticas, livros didáticos e vídeos. Spike Gildea disponibilizou um kit de equipamentos para o início da auto-documentação, incluindo câmera, gravador e computador, cujo sistema de uso foi deliberado pelos participantes da oficina.

Os participantes ganharam um kit de equipamentos para a autodocumentação das línguas locais

Em função de remoções forçadas vividas por esses povos na década de 1960, desde   rio Trombetas – seu território tradicional – para a Missão Tiriyó (na TI Parque do Tumucumaque) e para a aldeia-missão Kassawa (TI Nhamunda-Mapuera), sua diversidade linguística sofreu transformações e enfraquecimento preocupantes. E o esforço para a recuperação e fortalecimento dessa diversidade vem acontecendo ao longo do processo de reocupação dos seus territórios tradicionais, no rio Trombetas e de demarcação da Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, em andamento.

Participantes da oficina de línguas Karib

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