Iepé publica livro sobre a arte cerâmica dos povos Wayana e Aparai

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Fruto de um trabalho coletivo de pesquisadores indígenas, o Livro da Argila reúne saberes destes povos acerca da confecção e dos usos dos artefatos cerâmicos

Baixe o livro na íntegra na Infoteca do Iepé: http://bit.ly/livro_da_argila

O rico universo de conhecimentos, saberes e fazeres relacionados à cerâmica dos povos Wayana e Aparai, que vivem às margens do Rio Paru de Leste, extremo norte do estado do Pará, são o tema da nova publicação do Iepé, “O Livro da Argila, Ëliwë Pampila, Orino Papeh” – nas línguas wayana e aparai, respectivamente, ëliwë e orino significam “argila”, e, por extensão, a categoria cerâmica –, organizado por Iori Leonel van Velthem Linke e Lúcia Hussak van Velthem.

Fruto do engajamento de mulheres destes povos em ações de valorização e registro documental dos saberes e fazeres da cerâmica – categoria artesanal à qual elas se dedicam – , o livro teve o seu conteúdo discutido e estabelecido em uma série de oficinas realizadas entre 2014 e 2016  por iniciativa da Associação dos Povos Indígenas Wayana e Aparai (APIWA), em parceria com o Iepé, como estratégia  para garantir a transmissão oral e prática dos conhecimentos das ceramistas experientes a um grupo mais amplo de jovens, extrapolando o contexto da aldeia e das relações familiares. Durante os encontros, os autores e pesquisadores indígenas – creditados no início do livro – realizaram ilustrações e documentação fotográfica, produziram textos nas línguas wayana e aparai, e, posteriormente, as transcrições e correções.“O Livro da Argila, Ëliwë Pampila, Orino Papeh” é resultado, portanto,de um trabalho coletivo de autores e pesquisadores indígenas.

O livro está organizado em seis capítulos que abordam temas como o histórico e o atual contexto de vida dos Wayana e Aparai no Brasil, o fundo mítico que subjaz à arte cerâmica destes povos, as técnicas da confecção dos artefatos, os diferentes tipos de recipientes cerâmicos de uso cotidiano ou ritual e as pinturas e grafismos a eles aplicados, além da terminologia wayana e aparai da cerâmica.

As oficinas que deram origem a este livro começaram a ser realizadas no âmbito do projeto “Tumeri Conhecimento Ceramista das Mulheres Aparai e Wajana”, submetido ao edital “Prêmio de Culturas Indígenas” e contemplado na edição “RaoniMetuktire” de 2014. A partir de 2015, estas ações de valorização cultural foram internalizadas no Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) das Terras Indígenas Parque do Tumucumaque e Rio Paru D’Este. Neste contexto, o vigente projeto “Floresta em pé: Bem-Viver sustentável”, financiado pelo Fundo Amazônia do BNDES, possibilitou a revisão, ampliação e publicação deste livro, juntamente com apoios institucionais da Fundação Moore, Embaixada da Noruega e Rainforest Foundation Noruega.

 

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