Agentes Socioambientais Wajãpi discutem experimentos de aceleração do crescimento das capoeiras

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Encontros tiveram como principal objetivo a troca de experiências entre os agentes e o planejamento coletivo dos próximos plantios

 

O Iepé promoveu, de 1 a 8 de fevereiro, visitas e discussões entre uma equipe de Agentes Socioambientais Wajãpi (ASA) sobre os seus experimentos de aceleração do crescimento das capoeiras, realizados na busca por soluções para a falta de bons lugares para fazer roça, principalmente em áreas de ocupação mais antiga. Esta etapa do acompanhamento das atividades dos ASA teve como objetivos específicos a troca de experiências entre os agentes, a comparação entre os diferentes experimentos e a elaboração conjunta, a partir dessa primeira experiência, de um planejamento para os próximos plantios.

Os experimentos de aceleração do crescimento das capoeiras são uma proposta de inter-relação entre os conhecimentos wajãpi e os conhecimentos científicos sobre a floresta, e foram idealizados com base em discussões fomentadas em módulos anteriores do curso de formação dos ASA, durante as disciplinas “Sistemas de Conhecimento”, sob responsabilidade da antropóloga Dominique Gallois, e “Práticas de Manejo Sustentável”, elaborada em parceria com a antropóloga Joana Cabral de Oliveira e ministrada por Juliano de Moraes e Igor Scaramuzzi. A partir destas discussões, cada ASA propôs um experimento de plantio de diferentes espécies de árvores (jaja’y, jany,wakapu,waa, pino, entre outras) em um estágio específico da sucessão da capoeira (isawapa) para ajudar na aceleração do crescimento da floresta.A proposta inicial previa que cada um deveria plantar três espécies diferentes, em um total de, aproximadamente, 75 mudas.

Neste acompanhamento foram visitados experimentos de quatro ASA:Pasiku, Bertrano, Janaima e Rosenã, nas aldeias Mariry, Jawarary, Waseity, Anisapae, Kenara e Pasisiwyry. Na aldeia Anisapae, ocorreu um plantio coletivo das mudas de jaja’y, atividade seguida por uma festa de kasiri. Além das visitas aos experimentos e da sistematização das informações compartilhadas – por meio de mapas, desenhos e anotações -, foram feitas entrevistas sobre a diversidade das roças nas aldeias visitadas, conversas com as famílias sobre o trabalho dos ASA e sobre o Plano de Gestão Socioambiental da Terra Indígena Wajãpi e conversas individuais sobre o questionário socioeconômico que foi elaborado pelos ASA durante o curso de formação.

Estão previstos, ainda para esse semestre, mais um acompanhamento na aldeia Ytape e a próxima etapa do curso, que deve acontecer em maio. Essas atividades estão vinculadas ao projeto “Fortalecimento da Gestão Territorial e ambiental de Terras Indígenas na Amazônia como estratégia de controle do desmatamento e de promoção do bem estar das comunidades indígenas” desenvolvido pelo Iepé em parceria com a TNC e apoiado pelo Fundo Amazônia (BNDES).

Assessores responsáveis pela atividade: Ana Blaser, Igor Scaramuzzi e Maíra Posteraro

Equipe de ASA: Rosenã, Kapu, Pasiku, Kenajarõ, Maratë, Ajãrety, Sakyry, Masakão, Janaima, Akitu, Janeanã, Kariki, Pauri e Bertrano.

Redação: Ana Blaser / Edição: Marina Rabello / Fotos: Maíra Posteraro

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